A Escola do Futuro

Refletir sobre o modelo de educação virou uma necessidade desde muito antes desta pandemia começar, mas já era um movimento espontâneo dentro da CESAR School. Sua fundação objetivava a criação de um polo de formação de mão de obra para o ecossistema no qual o CESAR é uma das empresas pioneiras. Então, nada mais natural, e estratégico, que a School se colocasse como agente central na transformação digital nos ambientes de ensino e de aprendizagem, servindo, inclusive, como referência para outras instituições. E nos mantemos assim.

 

Tenho observado que a força do isolamento tirou o setor de educação da zona de conforto ou, noutros casos, virou um impulso para que seus métodos fossem revistos. Quando sou provocado a falar sobre o assunto, acho importante apresentá-lo em três eixos que penso serem fundamentais para se começar a pensar em transformação digital. Antes disso, devo dizer que é equivocada a ideia de que para transformar digitalmente a escola, basta adquirir ferramentas tecnológicas: não é tão simples assim.

 

Chamo atenção, primeiramente, para o modelo de educação em si. Refiro-me à distância que existe entre o que é ensinado em escolas e universidades e aquilo que o mercado de trabalho exige e exigirá. Isso também passa pelos métodos de ensino, para a importância de trazer o aluno para perto do processo e ter o professor em um papel de mediação.

 

O segundo eixo passa pelas tecnologias habilitadoras desse universo de transformação digital nos ambientes educacionais. Não cabe aqui apenas um processo de digitalização dos processos, mas fazer uma curadoria das ferramentas pensadas e criadas com propósitos pedagógicos que estejam na mesma direção do propósito formativo das pessoas.

 

Por fim, o terceiro eixo: o olhar no futuro do trabalho. Conectado aos dois anteriores, tanto com relação aos gaps entre o ensino e mercado, como também em relação às tecnologias habilitadoras. Esse eixo nos indica que só conhecimento técnico não basta, é preciso atenção aos soft skill, as competências e habilidades comportamentais. É você desenvolver pensamento crítico, comunicação, colaboração, criatividade e senso de comunidade, que vão além dos aspectos cognitivos.

 

Dito isso, preciso ressaltar que as escolas não precisam desenvolver tudo do zero. Um setor que vem crescendo muito é o das edtechs, as startups de tecnologia voltada para a educação. Ele já vinha em ascensão e a pandemia acelerou isso. Temos, então, um mercado muito bem estabelecido, um caminho para inspiração e parcerias. No levantamento feito pela CIEB – Centro de Inovação para a Educação Brasileira – e Abstartups em 2019, o mercado possuía cerca de 449 edtechs ativas no país, e 70% delas com serviços para o ensino básico infantil, fundamental e médio.

 

Nesse contexto, é fundamental trazer à reflexão uma peça fundamental que nunca perderá importância, a formação dos professores, que precisam de olhares voltados a eles, que são os multiplicadores das experiências dos alunos. Mas, de forma geral, já que a educação está laçada ao mercado de trabalho, os indicadores são categóricos e mudanças serão inevitáveis. Precisamos considerar o Lifelong Learning, termo batizado em 1970 pela Cooperação Internacional do Trabalho e pela Unesco e válido até hoje. Somos eternos estudantes e precisamos de aprendizado ao longo de toda a vida.

 

O relatório Future of Jobs 2020 do Fórum Econômico Mundial nos indica que metade de todos os trabalhadores do mundo vão precisar de requalificação até 2025 – não por escolha, mas pelo impulso inerente ao mundo que reverbera na esfera produtiva. Entre as 15 habilidades mais requisitadas pelo mercado de trabalho do futuro, segundo o relatório, estão competências técnicas, como programação e experiência de usuário, com habilidades socioemocionais, como criatividade, liderança, pensamento analítico e inteligência emocional.

 

É claro, mas não custa lembrar, a escola e este momento pelo qual passamos têm tudo a ver com isso. De acordo com o Global EdTech Report, serão 72 milhões de empregos que terão que adicionar competências online. Essa mudança se dará devido ao aumento crescente de digitalização, globalização, personalização de produtos e serviços, privatização e aceleração do mercado.

 

Por Felipe Furtado, Diretor Executivo da CESAR School

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