O povo Kapinawá vive em três municípios do sertão de Pernambuco e, segundo registros da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), compõem uma população de cerca de 2.300 pessoas. Esses indígenas são o foco de um dos projetos criados pelos alunos da CESAR School, cujo objetivo foi a criação de uma ferramenta que promovesse a preservação de elementos culturais deste povo.
“Esta foi a problemática. Tivemos acesso à cultura kapinawá, eles são muito acessíveis a pesquisas, trabalham com várias instituições. Produzem conteúdos como livros e vídeos, mas geralmente isso fica com os professores da comunidade. A gente propôs que todo o povo pudesse ter acesso a essas informações, assim como as pessoas de fora interessadas”, comenta a aluna da CESAR School, Letícia Marques. Fazem também parte da equipe Ana Vivian, Erica Duarte, Gabriel Pincer, Letícia Marques, José Victor Silva, João Maia, Eudes Santos, Vinícius Rodrigues, sob orientação dos professores Marcello Bressan e Gustavo Alexandre.
O projeto Kapinawá ainda não conseguiu financiamento para se tornar viável, mas Letícia não pensa em desistir da ideia. Ela, especialmente, tem um vínculo pessoal com a estudante. “Meus avós maternos são indígenas. Durante a pandemia, alguns povos foram fortemente atingidos e com o falecimento de muitos, especialmente dos mais velhos, houve a perda também dessa cultura. Isso despertou o interesse em trabalhar com esses povos e decidimos seguir com os indígenas de Pernambuco”, narra.
Letícia conta ainda que o trabalho demandou bastante pesquisa. “A gente não tinha conhecimentos aprofundados sobre populações indígenas e nos baseamos muito no mapeamento de contato, pesquisamos muito. Ouvíamos falar que havia indígenas em Pernambuco, mas não tínhamos noção das peculiaridades, de como eles vivem. É muito particular”.
Para a estudante, o aprendizado foi amplo e bastante pessoal. “Muitos desses povos indígenas de Pernambuco se reorganizaram na década de 1970, voltando a viver segundo seus costumes. São grupos muito diferentes, com problemas diferentes”, comenta Letícia. O trabalho enveredou pelo campo da educação, tomando os professores como público-alvo. “Ouvimos muito falar sobre (o educador) Paulo Freire e na condução da educação das crianças kapinawás dentro de seus contextos culturais. Foi fascinante”.
Saiba mais
Segundo registrado pela UFPE, os Kapinawá são descendentes dos índios Prakió ou Paratió. O etnônimo Kapinawá é conhecido desde o final dos anos 1970, quando seus representantes procuraram a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a imprensa no Recife denunciando grande pressão invasora sobre suas terras.