Nascida em São Paulo e graduada em Design Gráfico, Thalita Torres acaba de se tornar mestra em Artefatos Digitais pela CESAR School, filial Manaus. Atuando como líder de produtos digitais em uma startup de educação, ela viveu o impacto da mudança de estado, quando trocou São Paulo pelo Amazonas, conseguiu vivenciar também as diversidades culturais do Brasil. E foi isso que a aproximou do objeto de estudo da dissertação recém defendida, Design e a Compreensão ao Multiculturalismo Brasileiro, cujo propósito é o desenvolvimento de um artefato digital com expressões regionais e seus significados e informações sobre regiões – tudo para facilitar a adaptação de pessoas que mudam de estado dentro do Brasil. Legal, né? Confira nosso bate-papo com ela:

Aproximação com o objeto de estudo
“Ao aceitar uma proposta de trabalho, saí do interior paulista e me mudei para Manaus, onde vivi por dois anos. O choque cultural provocado pelas diferenças, no início, gerou certos desconfortos, mas também foi engrandecedor vivenciar e aprender com essas diferenças. Fui impulsionada a estudar, mais a fundo, essas diversidades culturais que tornam o Brasil um país tão único. Foi assim que me aproximei do objeto de estudo: constante e diariamente, presente em cada pequeno momento do dia a dia.”

Desenvolvimento do protótipo proposto e aplicação do Design Thinking
“O protótipo foi construído aos poucos, de maneira a conseguir testar e iterar em cada uma das versões. Assim, a primeira versão passou por opinião de especialistas em UX. Depois, foi melhorado e corrigido os pontos que faziam sentido dentro das sugestões. Após esse primeiro versionamento, novamente decidiu-se novos testes, colocando o protótipo em cheque, o que ajudou muito a melhorar, em cada uma das versões, pontos que eu não estava cobrindo nas versões anteriores. Realizei esse processo por três vezes, até que cheguei em uma versão que passava por todos os testes mínimos aceitáveis dentro do contexto de produtos digitais. O Design Thinking ajudou nesse processo, servindo, principalmente, como guia em todas essas etapas.”

Desenrolar da pesquisa
“Por já ter me colocado no papel de migrante estadual por diversas vezes, desde a infância até a vida adulta, tive o prazer de conhecer pessoas nas mesmas condições que as minhas. O meu objeto de estudo foi, então, pessoas ao meu redor que vivenciaram, em algum momento, as mesmas dificuldades que a minha, de adaptação em um local novo, com costumes totalmente diferentes dos meus. Em contrapartida, também há o conhecimento dos moradores locais, que recebem esses migrantes e que mostram, com muita gentileza e paciência, essa nova cultura.
E como estamos num momento de pandemia, todas as entrevistas qualitativas foram feitas via chamada de vídeo, bem como a quanti, por formulários online.
As entrevistas foram primordiais para validar as hipóteses que levantei no início da pesquisa, de que havia, sim, algum tipo de ruído comunicacional ocasionado pelas mudanças culturais e que afetava tanto quem estaria nessa condição de migração entre estados, quanto nas pessoas que recebiam esses migrantes. Com as entrevistas, pude confirmar que esses ruídos realmente aconteciam de ambos os lados e as dores de cada um serviu de pontos de atenção, indo de encontro às hipóteses levantadas e confirmando que o caminho escolhido para o desenvolvimento do artefato digital, de fato poderia ser algo que agregaria fator, ao final.
Não houve grandes mudanças ao longo do caminho, como novos desdobramentos ou novos caminhos. O que foi identificado, no geral, foram processos que imaginei no início e que de alguma maneira não agregariam na construção do artefato, e com uma orientação muito certeira da Narle Teixeira (designer, mestre e doutora em educação), pude identificar que outros caminhos eram possíveis, o que acabou acarretando numa construção muito mais simples e com muito mais valor para o resultado final.”

Desdobramentos da pesquisa
“Espero que tenha! Além de outras vertentes, espera-se quebrar a pesquisa em algumas partes e usar do conhecimento para contribuir com a comunidade científica por meio da escrita de artigos científicos.”