O Instituto Materno Infantil de Pernambuco (Imip) tem um setor oncológico que é referência em Pernambuco e atende principalmente a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Há alguns anos, o volume de pessoas e a distância acabava limitando uma assistência mais próxima e mais humana, um suporte necessário para quem atravessa um momento tão delicado quanto um tratamento de câncer. Havia um problema e os alunos do Mestrado Profissional em Engenharia de Software da CESAR School acharam a solução: o app Conexão Vida.
Ainda em 2017, cabia à analista de Projeto do Imip, Gerlane Albuquerque, administrar o canal de comunicação entre as pessoas em tratamento e os médicos: seu telefone e sua conta no Whatsapp. Uma vez, ela resolveu contar e em uma semana somou 3 mil mensagens, um contingente praticamente impossível de dar conta e atenção. Como explica a médica oncologista Dra Jurema Telles, havia a necessidade dessa conexão porque, em qualquer processo, principalmente nos tratamentos oncológicos, informações corriqueiras e complexas são essenciais. “Estão envolvidas terapias que assustam, vários exames e vários especialistas. E vai caindo a ficha, vão surgindo dúvidas, novos sintomas ou toxicidades do tratamento que precisam ser esclarecidos. Até o que se pode comer”, resume.
A missão do time do projeto era criar esse acesso direto, era fazer com maior agilidade o que Gerlane tentava fazer, ampliando a capacidade de ouvir e de ajudar a cada demanda. “O câncer é uma doença que maltrata muito a pessoa e a família. E é comum que o paciente do SUS não ter a quem recorrer”, enfatiza Gerlane, se referindo ao suporte que tentava dar pelo Whatsapp. “Eu tinha um problema nas mãos, literalmente. E eu sabia o que era ter alguém com câncer em casa”, continua. O aplicativo precisava, também, passar empatia.
O conforto de uma mensagem, então, passou a ser gerido pelo aplicativo, além do agendamento de consultas e um tira-dúvidas que socorre nos mínimos detalhes. Hoje, o Conexão Vida tem entre 300 e 400 usuários ativos que se sentem assistidos e têm acesso a informações mesmo em casa, em outras cidades do interior do estado. Para a doutora Jurema, o app torna, sim, o atendimento da oncologia do Imip mais humano. “Ele acrescenta cuidado personalizado. Poupa tempo de deslocamento e de sofrimento com dúvidas e permite não perder oportunidades. Tudo isso que é muito importante para quem está na luta contra o câncer”, enfatiza.
Cleide Batista é filha de uma das pacientes do Imip, dona Ivete Alexandre, que está em tratamento oncológico há cinco anos e meio. Antes, as consultas precisavam ser marcadas no próprio hospital: então Cleide saía do bairro de Prazer, em Jaboatão dos Guararapes, com essa missão. “Agora, não preciso mais. O aplicativo é ótimo, não tive nenhuma dificuldade para usar. E consigo marcar todas as consultas por ele”, diz Cleide.
Para o Imip, a parceria com a CESAR School foi uma experiência muito exitosa de troca. “O produto foi uma consequência”, enfatiza doutora Jurema. “Foram muitos momentos de conversas com a equipe de saúde, pacientes e familiares. Eles vivenciaram a jornada de verdade, o que permitiu mergulhar mais no problema, prototipar alternativas, testar, ajustar e customizar”, diz a médica.
“No processo todo, foram poucas mudanças no projeto. Os meninos compreenderam a demanda e foram muito bons, a parceria foi e é muito boa até hoje. Eles são muito atenciosos. Eu fiquei sem palavras”, elogia Gerlane.