Some invertebrados aos ensinamentos do Design e você terá soluções para problemas que muita gente nem sabe que existem. Pode até parecer uma mera frase de efeito, mas o estudante Lucas Betmann e seu pregador de roupas Mantis mostram que criatividade e inovação podem facilitar o dia a dia e dar mais qualidade de vida a muita gente.
Em meio às pesquisas corriqueiras do curso de Design na CESAR School, Lucas encontrou um problema e uma solução inusitada: uma boa ideia cujo estudo inicial, em forma de artigo, foi aceito no IX Encontro de Sustentabilidade em Projeto, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Da inspiração do louva-a-deus, um inseto encontrado em todo o mundo, vem um pregador de roupa habilitado a pessoas com problemas da motricidade fina. Vem também um caso prático de como a inteligência do Design pode estar inserida em (quase) tudo.
“Dispomos de metodologias, métodos, processos e ferramentas envolvendo as práticas projetuais que nos auxiliam a desenvolver/solucionar diversas problemáticas em diferentes contextos”, explica o professor Antônio Roberto, da graduação em Design CESAR School, refutando a insistente associação dessa ciência somente às atividades estético-formais.
O projeto de Lucas, continua Antonio Roberto, foi fruto das metodologias e processos de Design apresentados nas disciplinas de Representação Tridimensional, Design de produtos e Fabricação Digital, ministradas no 4°, 5°e 6° período respectivamente que fazem parte da grade curricular do curso de bacharelado em Design, em que ministro na CESAR School.
Criador e criatura
Ex-estudante de Engenharia, Lucas cursa o 7° período de Design na School. A mudança de curso, e de rumo, tem a ver com as intenções do estudante que sabia que queria “produzir algo”, mas que faltava algo na primeira escolha. “Comecei a interagir com pessoas e descobri que Design tinha mais a ver comigo”, conta. A decisão pela CESAR School teve um diferencial: estar inserida no ecossistema do Porto Digital e poder “colocar a mão na massa” desde cedo.
O tal pegador “louva-a-deus” é projeto da disciplina de Fabricação Digital, ministrada pelo professor Antonio Roberto. “A proposta do trabalho era a gente desenvolver uma manufatura aditiva ou subtrativa. Nessa época, eu estava com o ‘projetão’ com a clínica escola de Fisioterapia da UFPE. Não havia uma ligação direta entre as duas atividades, mas a professora lá falava muito que a nossa maior ferramenta de interação com o mundo são as mãos”, explica Lucas, sobre a origem da ideia.
Na verdade, o trabalho levou Lucas além. Do Design, ele passou a buscar a Fisioterapia, as limitações de movimento, a motricidade fina, neuropatias (doenças nos nervos), o movimento de pinça (rebuscado, mas que a gente nem se dá conta por já ser corriqueiro), o redesign, a estrutura de vertebrados e, por fim, a do invertebrados. Para chegar ao pegador de roupas, Lucas começou a investigar a mordedura dos vertebrados e os tipos de alavancas. “Eu pude usar a metodologia que quisesse e comecei a estudar biomimética. Eu queria alguma coisa que prendesse e que não soltasse, aí fui para bocas de bichos até chegar às garras raptoriais do louva-a-deus”.
O professor Antonio reforça: um designer está habilitado para inúmeras áreas, aproximando-se de outras áreas de conhecimento como Física, Biologia, Ciência da Computação, Biofísica, Biomecânica, as neurociências, as matemáticas complexas e a cibernética, entre outras. “A atividade do Design, quando relacionada ao ato de projetar, não possui fronteiras definidas, e não necessariamente lineares. O caminho de atuação dos conceitos de Design se dá a cada nova necessidade definida no processo de Design”, ensina.
Lucas pretende continuar com o projeto no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com as etapas que precisam ser cumpridas até que ele esteja estruturado para, quem sabe, ser oferecido ao mercado.