A relação entre cultura, capital intelectual e negócios – a que chamamos de Economia Criativa – é um campo aberto à criação e às possibilidades. Como produtora cultural, Maria Chaves já tinha ciência disso mesmo antes de aprofundar nas teorias, o que foi possível no mestrado em Design da CESAR School. O resultado pode ser visto na dissertação “O Eixo de Economia Criativa do Porto Digital: Ações Estratégicas Cocriadas Sob a Visão de Design Anthropology”.
Formada em Comunicação e com especializações em Fotografia e em Economia da Cultura, Maria viu no mestrado da School a oportunidade de aprofundar conceitos. “Estou imersa nesse tema da Economia Criativa há anos. A minha empresa, a Proa, foi a primeira do ramo a embarcar no Porto Digital quando eles oficializaram a atuação na área, em meados de 2010”, conta. A dissertação vai virar documento e será entregue à gestão do Porto: o objetivo é contribuir para ampliar a visão sobre as possibilidades que o Bairro do Recife – área central e histórica da cidade, onde estão localizados o CESAR e a CESAR School – oferece como centro tecnológico, empresarial e espaço comunitário.
Aprofundando-se nos conceitos do Design Anthropology, que analisa as dimensões políticas, sociais e culturais de determinado ambiente, Maria propõe que criatividade e comunidade sejam os elementos desse cenário de negócios. Isso casa muito bem com o Bairro do Recife.
Com as teorias, a pesquisa de Maria ganhou ferramentas para jogar luz nessa diversidade de stakeholders e nas vozes dali propondo uma construção coletiva. A dissertação não foi construída apenas com as teorias, mas com informações coletadas em entrevistas e por meio de grupos focais com esses agentes. “É importante, é possível cocriar. Essa construção conjunta respeita, chega perto dos anseios desses atores. O Design Anthropology é uma abordagem muito bem adequada a uma pesquisa exploratória. Eu não quis provar uma hipótese ou fazer testes, então essa abordagem foi pertinente”, detalha.
Em termos de resultados, Maria explica que a pesquisa confirmou que o casamento da Economia Criativa com o Design Anthropology abre espaço para construção coletiva de soluções e ações que incluam atores locais, como pessoas da comunidade do Pilar.
A pesquisa indica que não é possível criar estratégias de negócios que não envolvam diversidade. Para Maria Chaves, o estudo também permite olhar o codesign como meio de construir políticas públicas baseadas em soluções coletivas. “Esse estudo confirmou algumas coisas que eram sentidas por mim. ampliou minha visão enquanto pesquisadora. Confirmou que minhas ‘dores’ eram coletivas, mas descobri que elas se desdobravam em outras dores. É um mar de possibilidades e isso foi muito revelador para mim. Espero que esse trabalho seja aproveitado pelas empresas e gestores do Porto Digital, e assim se concretize minha contribuição para a comunidade”.