O primeiro contato de Aislan Rafael com o CESAR foi perto do fim da graduação. Natural de Picos, no Piauí, ele fazia uma visita técnica e enxergou potencial ali: voltou 10 anos depois para cursar o mestrado profissional em Engenharia de Software e fez do conhecimento construído um projeto que se tornou referência no Instituto Federal do Piauí (IFPI), onde é professor e coordenador geral do projeto de extensão Fábrica Escola de Software – Mambee. Aliás, iniciativa que recebeu, em 2019, o prêmio Sebrae de Educação Empreendedora na categoria Ensino Superior.
“Nós criamos um ambiente de aprendizado que ensinava empreendedorismo digital, replicando o modelo de processo do CESAR aqui no Piauí”, conta Aislan. A Fábrica Escola de Software aderiu à metodologia PBL (Problem Based Learning) do CESAR, o que desbravou o problema da falta de mercado na cidade do interior piauiense. Dos seis professores da equipe que integra a Fábrica, três estão ligados ao mestrado do CESAR. “No caso, eu, que já terminei, e dois que estão cursando”..
Antes, conta o professor Aislan, os cursos – de informática ou o técnico em desenvolvimento de Softwares do IFPI, e a graduação em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, além da especialização em Engenharia de Software – formavam pessoas que não tinham onde trabalhar na região. Mas com o modelo da Fábrica, que firmou parcerias com empresas, desenvolveu projetos e implantou soluções, e acabou encaminhando os novos profissionais para dar seguimento, como contratados desses parceiros.
A iniciativa já tinha, desde o início, essa boa pretensão de abrir espaço para um mercado de Tecnologia da Informação (TI) em Picos. “Em Teresina, a capital, há mercado, mas ainda muito incipiente. Aqui em Picos, para abrir caminho, a gente fez parceiras com empresas cujos donos eu já conhecia, como o Colégio São Lucas e o Grupo Alpha”, explica Aislan. O trabalha na Fábrica Escola de Software foi premiado pelo Sebrae como Melhor Metodologia Empreendedora do estado do Piauí de nível graduação.
Boa realidade
O IFPI está localizado no semiárido do estado do Piauí. Picos tem em torno de 70 mil habitantes, mas os alunos da instituição são de vários municípios da macrorregião. “Muitas vezes, eles sequer têm acesso à internet. Quando criei o laboratório, fiz uma parceira com uma empresa chamada Virtex, cujo dono foi meu aluno. Ele doou o link de 400 mega para o laboratório”, conta Aislan.
Com as parcerias firmadas através da Fábrica Escola de Software, empresas foram atraídas e um mercado foi aberto aos alunos. “Como aqui em Picos não tem mercado, ou montamos starups ou fazemos com que os alunos ingressassem em empresas maiores. Em uma parceria, a (empresa) Fótomque fez uma seleção e contratou dois alunos da nossa Fábrica para trabalhar em um projeto de desenvolvimento mobile”.
Foi com editais internos e muito esforço que a equipe do IFPI foi erguendo o laboratório. “Aqui, conseguimos um ambiente propício para a inovação”, garante Aislan. “Fomos reconhecidos, oferecemos curso de ADS e nosso curso de Engenharia de Software tem a melhor nota do MEC (Ministério da Educação) do estado. Quando os avaliadores vieram, disseram que um dos nossos principais diferenciais é a Fábrica”, conta o professor.