Micheliny Pessoa é arquiteta, auxiliar judiciária e alguém preocupada com o meio ambiente. Com, então, um assunto pelo qual já tinha bastante interesse – a destinação correta de resíduos -, resolveu aprofundar a pesquisa em busca de soluções para residências, tema que levou para a dissertação do mestrado em Design da CESAR School: “Análise das técnicas de separação de resíduos sólidos sob a ótica socioambiental do design”.
Afinal, ela ensina, não basta boa vontade de juntar tudo e mandar para locais de reciclagem, como cooperativas. É necessário higienizar corretamente ou as embalagens que iriam pro lixo da sua casa vão parar no lixo mesmo. “As pessoas às vezes só querem se livrar”, diz Micheliny. A sacada é orientar como fazer para que o resíduo ganhe o destino certo.
O universo da pesquisa é o bairro do Espinheiro, Zona Norte do Recife, onde Micheliny mora e a proposta é deixar toda informação à mão – tudo que puder orientar cidadãos interessados em contribuir com a devida destinação de resíduos sólidos. E isso pode começar nas escolas, com as crianças como agentes; novos cadastrados no programa de reciclagem da prefeitura podem receber um “kit de boas vindas” com todas as orientações necessárias para que o esforço pela reciclagem correta seja bem executado.
A pesquisa aponta ainda que coletores podem ser mais básico (sem necessidade de ter todas as cores destinadas a cada um dos materiais) – porque o caminhão de coleta disponível leva todos os materiais juntos. Segundo Micheliny, quanto mais trabalho se der ao usuário, menos eficaz será a coleta seletiva de resíduos.
PROBLEMÁTICAS
“Sempre tive interesse pelo assunto e no prédio que moro não tinha coleta seletiva. Percebi ainda que havia descartes errados, como de pilhas e de lâmpadas, que têm lugares específicos. O vidro, embora seja 100% reciclável, porque é mais difícil de transportar e catadores dão mais preferência a materiais leves, como latinhas”, diz, citando também o plástico, um dos resíduos mais comuns e mais problemáticos para o meio ambiente.
Ao longo da pesquisa, Micheliny se deparou com dificuldades que fazem o caminho até a reciclagem não chegar nunca. “Há um número da Prefeitura (do Recife) para ligar e se cadastrar no Programa de Coleta Seletiva, o 156, mas é difícil fazer o cadastro”, explica. O propósito do número é agendar a coleta, que nem sempre funciona. “Funciona para o básico como papel, garrafas. Mas se tem algo mais específico como imã de geladeira ou uma bacia plástica quebrada, a informação não alcança”, explica.