Quem tem “filhos” pets em casa sabe como às vezes é difícil perceber quando eles estão precisando de ajuda. Principalmente de algumas espécies, como gatos, que não fazem alarde quando estão doentes ou se sentindo mal. E a ausência de sinais claros de que algo não vai bem se torna um problema sério, pois dificulta a descoberta de enfermidades realmente graves a tempo de tratamento.
Para solucionar este problema e auxiliar no tratamento clínico, um grupo de pesquisadores da CESAR School e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu, coordenados pelo professor e médico veterinário Stelio Luna, desenvolveram um aplicativo capaz de detectar em tempo real quando um animal está sentindo dor, dentro de uma escala mundialmente utilizada e validada.
O aplicativo, gratuito, pode ser utilizado também pelos tutores, além de profissionais de veterinária. O objetivo é aprimorar a avaliação de dor animal e proporcionar mais qualidade ao atendimento clínico dos bichinhos, com a melhoria de protocolos anestésicos.
“Por meio de sinais como postura, nível de atividade, apetite e pressão arterial, por exemplo, é possível determinar se o animal está sentindo dor e em qual escala. O tutor pode acompanhar esses indicadores pelo app e levar o seu pet ao veterinário aos primeiros sinais de que algo não está bem”, afirma Melissa Pontes, engenheira sênior de testes e professora da CESAR School.
Melissa integra o time de pesquisadores que trabalham no aplicativo e, há três anos, voltou à sala de aula como aluna de medicina veterinária. Foi nesta área nova que conheceu Marianna Ulbrik, veterinária e pesquisadora, e foi convidada a participar do projeto. A escala de dor animal foi desenvolvida pelo professor Luna e é utilizada em 8 países, mas a equipe sentia a necessidade de criar uma solução tecnológica que pudesse escalar ainda mais o modelo. Por conta disso, surgiu a parceria entre as equipes das duas instituições.
“O aplicativo vai popularizar ainda mais a escala de dor e trazer um banco de dados bem robusto para o projeto, facilitando a avaliação da dor nos animais pelas pessoas em tempo real”, aponta Luna. O grupo de pesquisa compartilha também uma série de informações importantes sobre o tema no site Animal Pain (http://www.animalpain.com.br/).
Em um primeiro momento, o aplicativo será focado no pós-operatório de felinos, mas a ideia é abraçar o maior número de espécies possível com o passar do tempo. A escala de dor desenvolvida por Luna, afinal, já é amplamente utilizada para avaliação clínica de outras espécies, como equinos e bovinos.
“A tecnologia é uma ferramenta muito importante que auxilia na solução de problemas das mais variadas áreas do conhecimento. Construindo as bases do aplicativo para uma espécie torna mais fácil de escalar o sistema para as demais”, complementa Melissa.
O app traz uma série de instruções e vídeos explicativos que facilitam o uso e orientam o usuário. “A avaliação clínica pelo médico veterinário deve prevalecer sempre, mas o app ajuda também os tutores em uma primeira percepção de que algo está errado”, comenta Marianna.
Também fazem parte da equipe de desenvolvimento do aplicativo os alunos da CESAR School Erica Campos (UX Design), Haidee Lima (UI Design) e Luiz Henrique Correia de Melo, mestrando em engenharia de software.