O serviço de psicopedagogia foi instituído na CESAR School logo depois do início das atividades. O foco é atender a comunidade educacional e orientar processos que ajudem na aprendizagem: o trabalho da psicóloga Ana Catharina Carvalho é de direcionamento, de apoio e, muitas vezes, de uma escuta atenta. Esse papel, incomum em instituições de ensino superior, faz grande diferença na formação profissional e, tão importante, pessoal de cada um.
As demandas chegam espontaneamente, por uma busca ativa; podem chegar por orientação do professor ou da coordenação e apenas eventualmente a família entra nesse contexto. “Não trabalho para um só lado, mas para todos, nosso foco é a comunidade educacional toda, mas não podemos esquecer que estamos lidando com pessoas quem têm sua própria autonomia”, explica Ana Catharina. Apoio na criação de rotinas de estudo, os desafios que os professores têm para lidar com processos de aprendizagem diferentes e as peculiaridades dessa geração de jovens universitários estão no contexto.
Apesar de ser uma escola de tecnologia, é curioso como a falta de convívio por causa da pandemia teve impacto na rotina da CESAR School com contatos que passaram a ser exclusivamente virtuais processo de adaptação na própria prática. Com atendimentos remotos, e Ana percebeu um aumento da procura por escutas. “É o que muitos procuram: ser ouvidos. Marcamos um horário, eles falam e mesmo não sendo uma escuta terapêutica, eu faço questionamentos, deixo perguntas no ar que ajudam a pensar. Muitas vezes, essa atenção era o que eles precisavam. O acolhimento e a segurança necessários”.
Olhar sobre a geração
Ana Catharina é muito atenta às peculiaridades da geração em que estudantes da CESAR School estão inseridos. Por um lado, nativos digitais, pessoas com alto grau de proximidade com a tecnologia e com acesso quase irrestrito a informações; por outro, indivíduos com dificuldades de lidar com problemas e com baixo grau de resiliência.
“Nós estimulamos a participação em projetos, mas noto que muitos esperam receber muita coisa pronta. Trabalhamos essas lacunas que são questões geracionais. Não se pode adoecer por encontrar obstáculos, pensar em desistir ou que não se vai conseguir. Essas questões esbarram no nosso serviço de psicopedagogia porque muitas vezes existe até dificuldades de diálogo com professor mais exigentes”, relata Ana. O trabalho psicopedagógico se mostra, então, essencial nesse processo de formação.
“Costumo dizer aos professores que dar aula para bons alunos é ‘fácil’, que é preciso se apegar aos desafios”, diz Ana. Cada estudante terá seu meio de aprendizado: lendo, ouvindo, usufruindo de artefatos gráficos. Muitos alunos e alunas não têm ainda o hábito de organizar rotina de estudo. “Alguns chegam com horários que contemplam até oito horas de estudos, inalcançável para quem não está habituado. Então, oriento que devem testar e adaptar. A ideia é fazer os indivíduos refletirem: onde estão, onde querem estar”.
Ana diz que, muitas vezes, não tem noção do alcance do seu trabalho e do quanto ele leva de benefícios. “Eu, muitas vezes me surpreendo com o reconhecimento. Acontece de os alunos me agradecerem pelo trabalho em si ou por uma escuta. Ouvir um ‘que bom que você não desistiu de mim’ é termômetro do valor da minha entrega”.