Quando convidados a ouvir sobre futuro, surge logo a expectativa de presenciar falas sobre tendências tecnológicas ou soluções miraculosas sobre a resolução de problemas atuais. A quarta edição do TEDx Recife motivou a desconstrução desse futuro, com uma provocação intitulada: O futuro não é mais como “antiga-mente”. O evento tratou de aspectos muito além de máquinas e coisas, trouxe para a pauta mudança de mindset e a importância de cuidar das pessoas e relações.
No primeiro bloco foram destacadas histórias de transformação por meio de experiências individuais. O palestrante Edgar Diniz trouxe a importância do aprendizado pela poesia, como também misturas não convencionais, como o Rap com o Cordel, permitindo novas expressões e novos espaços de expressão. O participante Pedro Vilanova do Projeto Serenata de Amor, reforçou que as tecnologias não vão mudar o mundo, a mudança virá a partir das pessoas, o projeto do qual faz parte tem como foco a melhoria da relação da sociedade com a política, utilizando ciência de dados como meio para a sociedade ter mais controle social sobre a administração pública.
A palestrante Ana Dias, por sua vez, ressaltou o poder do coletivo, com o case do Sertão do Araripe, apresentou a transformação de uma comunidade por meio da colaboração. Neste case, houve uma melhoria significativa no dia a dia de agricultores familiares, que passaram a fornecer os insumos para a merenda das escolas do entorno, melhorando a qualidade do que chega à mesa das crianças e adolescentes, aumentando a renda da família. No final do bloco Denilson Shikako, representando a Fábrica da Criatividade, proporcionou a platéia uma vivência sensorial, exemplificou como a criatividade e o impacto do conteúdo transmitido podem ser influenciados pelo estímulo dos diferentes sentidos.
No segundo bloco, composto também por quatro nomes, foram compartilhadas conexões e jornadas que levaram a resultados transformadores, perspectiva traduzida pela fala de uma das palestrantes Laine Tores: “Eu sou o que nós somos” – inspirado no conceito de filosofias africanas encerrados na palavra da língua zulu “Ubuntu”. Nesse movimento, Laine a coordenadora geral do grupo Maracatômico, trouxe o poder do afeto dentro do grupo de Macaratu, exemplificando histórias de mudanças de vidas, por meio do fortalecimento da confiança, da integração do grupo e cuidado destinado ao outro.
Na sequência dois palestrantes apresentaram como fizeram uma revolução em seus mercados, Saulo Suassuna, no setor imobiliário, com o projeto Molegolar, que propõe adotar flexibilidade aos imóveis, permitindo que a planta arquitetônica aumente ou diminua de acordo com a fase de vida do cliente, alinhando-se com o futuro das cidades e habitações; e Onício Neto, no setor de saúde, com projetos voltados para previsão de epidemias, onde o domínio de informações de modo preventivo antecipam a resolução de possíveis impactos negativos no ecossistema. Tais soluções tem se posicionado no cenário mundial e a tecnologia tem se tornado uma ferramenta para disseminar a saúde. Ainda neste bloco, Júlio Lêdo revelou as conexões e trocas estabelecidas ao longo de sua trajetória, com um direcionamento voltado ao desenvolvimento territorial comunitário e de negócios de impacto. Enfatizou que o valor não está no que temos, mas naquilo que deixamos no caminho.
O terceiro e último bloco foi um convite ao desafio de redesenhar conceitos, revisitar os propósitos e contemplar o interior de cada um. Esse desafio foi conduzido pelos palestrantes Renan Hannouche, Karina Zapata, Murilo Gun e Hugo Madureira. Renan questionou sobre o medo do futuro e conduziu sua fala para as máquinas, sobre como são as apontadas como elementos desconhecidos do futuro, e como podem até substituir alguns homens e mulheres, mas que os indivíduos extraordinários serão sempre necessários, e o que é preciso fazer é adaptar-se aos novos cenários que se desenham. Karina, falou sobre as amarras que nos condicionam e que, por isso, precisamos ir além do que é imposto, principalmente no que tange a pobreza. Nesse contexto trouxe a perspectiva do turismo alternativo/relacional, que empodera novos espaços e pessoas e ressalta a riqueza de trocas entre pessoas, que vai muito além de coisas e lugares.
Murilo Gun, apresentou uma reflexão sobre a importância da educação, o papel das escolas e, especialmente da família nesse processo; apresentou que essas instituições podem ser um atrito no processo de aprendizagem, ou seja, podem dificultar o processo de mudança e adaptação às novas demandas do século; ou podem ser a alavanca, que impulsiona, conduz a construção de um novo espaço de transformação. Pontuou que o mundo está complexo demais, que não podemos mais de repetidores de padrão, precisamos preparar a humanidade para essa complexidade. Hugo, terminou o bloco com um chamado para nos atentarmos ao tempo de cada coisa, a não abrir mão da presença e a entender que um minuto pode ser eterno, tudo dependendo de nosso estado. E finaliza dizendo que é melhor a imaginação do que o óbvio.
Como faixa bônus aos blocos do evento, houve o momento de conexão com outros TEDx. Ique Carvalho, que participou do TEDx João Pessoa, levou emoção a audiência ao falar sobre importância do amor nas relações, do doar-se, do aproveitar ao máximo cada instante e de ser a melhor versão de si, ainda que momentos desafiadores sejam postos pela vida, esses conceitos foram apresentados por meio de sua jornada com o pai e que foi retratada no livro: Faça amor, não faça jogo. Além dele, foi compartilhado o vídeo do TED Talks Education, com o palestrante Ken Robinson, onde ele fala sobre o vale da morte educacional, e destaca que o sucesso não está nos recursos físicos disponíveis, mas no posicionamento do professor como facilitador do aprendizado. Ainda como versão bônus e como fechamento do evento, Sergio Cavalcante, CEO do CESAR, falou sobre o ecossistema e a importância dessa relação invisível que fortalece organizações e pessoas, fortalece conexões e proporciona um desenvolvimento em rede.
Quanto ao convite para ouvir sobre futuro, o que ficou foi que estamos na construção de algo novo, muito além da evolução tecnológica e mais conectado com as relações e indivíduos. Nesse novo futuro as máquinas estão à serviço da humanidade para alcançar o melhor mundo e para impactar positivamente o entorno. Para este novo momento, é preciso entender que inquietações lhe motivam e atender ao call to action de reflexão e ação sobre: Que parte da mudança somos nós? Que conexões temos estabelecido em nossas jornadas? Que transformações estamos levando às nossas organizações e aos nossos times? E essas transformações já estão em consonância com a Nova-Mente?
Autores: Andrea Gomes dos Santos, Carlos Henryque Pompeu Gomes, Marcela Cox dos Santos Silva e Daniel de Santana Martins.
Para saber mais sobre o TEDx Recife, basta acessar: http://www.tedxrecife.com.br
E vale a pena acompanhar as atualizações, pois em breve estarão disponíveis os vídeos das palestras, nas plataformas de streaming.