Por Alexandre Magalhães Rangel
Coordenador de Desenvolvimento de Projetos da CESAR School
O PBL (Problem-Based Learning) ou ABP (Aprendizagem Baseada em Problemas) é uma metodologia de aprendizagem que estimula o pensamento crítico, através do desenvolvimento de trabalho colaborativo em projetos reais, onde os aprendizes são motivados a buscar soluções para “questões, curiosidades, dúvidas e incertezas sobre fenômenos complexos” (BARELL, 2007) da vida cotidiana.
Através da formação de pequenos grupos, que formam comunidades de pesquisadores, as pessoas são convidadas a investigar problemas do mundo real que considerem significativos, envolvendo-se em uma busca profunda por conhecimentos que os ajudem a encontrar respostas e a identificar possíveis soluções (BARELL, 2007; BENDER, 2014). Estas investigações tendem a ser sempre interdisciplinares, oferecendo múltiplas perspectivas à pessoa facilitadora da aprendizagem e às pessoas aprendizes (BARELL, 2007).
O PBL é uma metodologia ativa amplamente utilizada na aprendizagem, desde a educação infantil até a universitária. Por sempre promover o trabalho em equipe, ela pode desenvolver competências colaborativas que são tão desejadas para a aprendizagem no século 21.
7 passos para o PBL:
1. Mapeie o resultado esperado
Entenda qual é o resultado esperado de cada disciplina na qual o PBL será utilizado. Este é um passo muito importante, porque muitas ideias de projetos para resolução de problemas podem surgir, mas o(a) professor(a) precisará trabalhá-las de modo que atenda os resultados definidos para sua disciplina.
Como exemplo, podemos pensar em uma disciplina de “Metodologia de Desenvolvimento de Projetos”, onde o resultado esperado pode ser que os estudantes desenvolvam a competência de empatia e cooperação, não tenham medo de falhar e aprendam com seus erros.
2. Pense na ideia de projeto ou problema real que será trabalhado
Trabalhe a “ideia de projeto” em parceria com outras pessoas professoras (facilitadoras da aprendizagem), pois um projeto para resolução de problemas pode requerer conhecimentos multidisciplinares. Teste a ideia com as pessoas aprendizes e verifique se esta é emocionalmente significativa para elas.
3. Defina o escopo do projeto:
- A duração
- Quais tópicos ou disciplinas serão abordados?
- O problema que vai ajudar a resolver é da própria escola ou da sociedade?
- O público que será atendido
- Quais tecnologias digitais serão utilizadas?
- Que outros agentes ou parceiros precisam participar do projeto?
4. Formule uma Questão Orientadora
A questão orientadora deve ser criada com base no objetivo de aprendizagem do tópico da disciplina ou do conteúdo das disciplinas envolvidas no projeto, além de estar relacionada com a resolução do problema apresentado. A questão orientadora deve conter objetivo, contexto, as pessoas envolvidas e o problema que se pretende resolver.
Exemplo: Como podemos ajudar a coordenação da escola e as pessoas educadoras com o desenvolvimento de competências e habilidades dos aprendizes, com base na BNCC?
5. Elabore a estratégia avaliativa
É preciso avaliar também as etapas e os processos da construção do conhecimento das pessoas aprendizes enquanto desenvolvem o projeto, assim como a aprendizagem de conteúdos, competências e habilidades. Faz parte do PBL considerar: a avaliação do progresso individual dos estudantes no desenvolvimento das atividades em grupo; a nota do grupo ou equipe; a autoavaliação; e a avaliação entre pares.
Podemos utilizar o recurso de rubricas para ajudar na definição de critérios e padrões do processo avaliativo, tornando-o mais transparente, pois as pessoas estudantes terão acesso prévio aos critérios da avaliação através das rubricas.
6. Fomente a autonomia das pessoas aprendizes
A autonomia dos aprendizes é fundamental para o desenvolvimento do PBL. Por ser uma metodologia que pode ser colocada na prática em pequenos passos, isso possibilita a pessoa facilitadora orientar as pessoas aprendizes a se autodirigirem na apreensão do conhecimento, condição necessária para essa metodologia de aprendizagem.
Os estudantes precisam ter liberdade para falhar, para aprender com seus erros, para investigar, buscar soluções alternativas e, assim, sentirem-se capazes de desenvolver o projeto. Por isso a pessoa facilitadora deve incentivar o estudante a utilizar diferentes recursos digitais, processos e/ou métodos para se autodirigir na aprendizagem.
7. Facilite e administre todo o processo
Segundo Carl Rogers (1969), a liberdade para aprender transforma as pessoas educadoras em pessoas facilitadoras da aprendizagem, que criam condições favoráveis para que as pessoas aprendizes experimentem “liberdade de escolha, liberdade de expressão e liberdade de ser”. É uma atividade que vai além da mediação pedagógica e da disponibilização de recursos tecnológicos e materiais. Cabe à pessoa facilitadora, em parceria com a comunidade de aprendizes, a tarefa de construir um locus para o desenvolvimento da confiança na capacidade de aprendizagem de cada aprendiz, pois aprender é um ato livre da pessoa.
Aprendizagem emocionalmente significativa através do PBL
O PBL incentiva a colaboração ao mesmo tempo que valoriza os saberes e as experiências individuais de cada integrante, possibilitando a criação de um ambiente de aprendizagem mais personalizado e adaptativo.
Ela pode ajudar as instituições de ensino-aprendizagem no desafio de associar a formação acadêmica a prática profissional, capacitando seus aprendizes para o desenvolvimento de uma “aprendizagem ativa, cooperativa, problematizadora, centrada nos aprendizes, centrada no processo, centrada na prática”.
Essa metodologia é capaz de promover o desenvolvimento dos objetivos do relatório da Unesco para educação no século 21, da autonomia dos estudantes, da capacidade de relação interpessoal e das competências de inovação e criatividade, além de fomentar a construção de projetos multidisciplinares, o aprender a aprender de maneira continuada e ao longo da vida (lifelong learning).
O PBL é uma metodologia que promove a formação de cidadãos globais, mais preparados para a força de trabalho do futuro (Educação 4.0), bem como, cria as condições para uma aprendizagem emocionalmente significativa.
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REFERÊNCIAS
BARELL, John F. Problem-Based Learning: an inquiry approach. 2. ed. Thousand Oaks: Corwin Press, 2007.
BENDER, Willian N. Aprendizagem Baseada em Projetos: educação diferenciada para o século XXI. Porto Alegre: Penso, 2014.
BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Municipais de Educação. 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 09 dez. 2021.
NOBRE, João Carlos S. et al. Aprendizagem baseada em projeto (Project-Based Learning – PBL) aplicada a software embarcado e de tempo real. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO, 27., 2006, Brasília. Anais… [S.l.: s.n.], 2006.
NOVO ENSINO MÉDIO: 7 passos para implementar um bom Projeto Integrado, 2021. Disponível em: https://oifuturo.org.br/historias/novo-ensino-medio-7-passos-para-implementar-um-bom-projeto-integrado/. Acesso em: 10 dez. 2023.
RANGEL, Alexandre M. BIHA: um estudo exploratório para construção de um método de ensino-aprendizagem baseado na interação humanos-artefatos. Rio de Janeiro: IM / UFRJ, 2018, pp. 45-47.
___. 7 passos para implementar a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP). Academia Conecta (CESAR), 2022.
RIBEIRO, Luis Roberto de C. Aprendizagem baseada em problemas (PBL): uma experiência no ensino superior. São Carlos: EdUFSCar, 2008.
ROGERS, Carl R. Liberdade para aprender. Belo Horizonte: Interlivros, 1977.
TRILLING, B.; FADEL, C. 21st Century Skills: learning for life in our times. San Franciso: Jossey-Bass, 2009.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Aprendizagem Baseada em Projetos | Os 12 Mitos mais Comuns (ARENA, Carla). Disponível em: https://www.amplifica.me/pbl/. Acesso em: 13 dez. 2022.
PBL: um Novo modelo de Aprendizagem – FGV/EESP. Disponivél em: https://youtu.be/yHmdKTDoSX0. Acesso em: Acesso em: 13 dez. 2022.
Avaliação da aprendizagem – Cipriano Luckesi. Disponível em: https://youtu.be/JqSRs9Hqgtc. Acesso em: 13 dez. 2022.
Exemplos de Rubricas e como elaborá-las. Disponível em: http://www.schreyerinstitute.psu.edu/tools/?q=rubric. Acesso em: 13 dez. 2022.